domingo, 20 de janeiro de 2008

Após ter sido criado há já alguns dias, só hoje me decidi a, finalmente, iniciar a escrever no meu blog. Apenas algumas reflexões.
Tomei conhecimento de duas situações que, embora não sejam originais, acabam por sê-lo no sentido em que recaem sobre duas pessoas que me são muito próximas. Daí, o meu choque e a minha tristeza.
Tenho um amigo que vive na margem sul. Fomos colegas de trabalho há cerca de 10 anos e tivemos cerca de 7 anos sem saber nada um do outro. No entanto, nem o tempo nem a distância fizeram esmorecer a nossa amizade. Aliás, por isso mesmo, reatámos as nossas cavaqueiras antes tão frequentes. E foi numa dessas cavaqueiras aquecidas por um cafezinho que fiquei a saber que, esse meu amigo, outrora um bon vivant apaixonado por tudo o que fosse mulher bonita (ele apaixonava-se perdidamente mesmo!), casou e já é pai de um casalinho adorável.
Fiquei feliz por ele, claro, mas essa felicidade depressa se esmoreceu. Seria de esperar que, aos 30 anos, casado há 5, com dois filhotes, um emprego estável e a vida orientada, esse meu amigo se considerasse um homem feliz. Mas não. Tornou-se numa pessoa extremamente solitária, uma certa amargura que não consegue disfarçar com o sorriso matreiro que sempre teve. Afinal, após tantas oportunidades que teve, acabou por casar com uma mulher fria, egoísta, ao mesmo tempo uma excelente mãe e óptima dona-de-casa. O mais caricato, é que ela sempre foi assim. Perguntei-lhe porque tinha então casado com ela, como é que tinha sequer olhado para ela uma segunda vez (logo à primeira viu como era). Não soube dar uma explicação minimamente lógica, apenas que tudo estava bem porque estava a acompanhar o crescimento dos filhos, o resto não importava, e terminou com um encolher de ombros. O meu choque foi precisamente esse encolher de ombros, esse comodismo, esse "não vale mais a pena".
A segunda situação é também com uma amiga. Como não tenho irmãos nem irmãs, esta minha amiga veio preencher esse vazio. É com ela que falo como se falasse comigo própria. É mais velha apenas dois anos. Já ela, mesmo tendo irmãos e irmãs, é como se não tivesse, e é comigo que também se sente à vontade e com confiança suficiente para abrir a alma.
Casada há já 15 anos (mais ou menos), começou por ter uma vida minimamente feliz, como se costuma dizer, uma vida normal. Após nem ela sabe bem dizer o quê, começou a haver um afastamento gradual e crescente entre ela e o marido, até chegar ao ponto de ambos viverem sob o mesmo tecto e cada um faz a sua vida. Parecem dois hóspedes de um hotel. As únicas coisas em comum são a casa, a gata e a pérola, ou seja, a filha de ambos.
Eu nunca tive um relacionamento para além do cordial com o marido da minha amiga, não sei explicar porquê. Seria de esperar que sendo ela minha irmã de coração, fosse ele meu cunhado, mas nunca consegui ir para lá do "olá, boa tarde". Não posso, de modo nenhum, dizer que é ele o culpado deste estado lamentável a que chegaram as suas vidas, mas também não posso dizer que ele teve um papel muito decisivo.
Triste é pensar que a minha amiga está com uma depressão terrível porque, para além de ter perdido o emprego recentemente, não tem aquele ombro amigo que deveria ter para apoiá-la neste momento tão complicado. E por muito que a minha amizade possa significar para ela, não substitui nem de perto nem de longe essa lacúna.
Depois de tomar conhecimento destes dois casos, dei por mim a pensar...em mim. Com 40 anos, não posso também dizer que seja uma pessoa feliz. Sózinha há já algum tempo, iniciei muito recentemente uma relação que nada tem de convencional, seja pela distância geográfica que nos separa (cerca de 300 km), seja por tudo o resto, que agora não interessa. Mas nem por isso posso dizer que estou feliz. Quando passo o dia a correr atrás não de uma realização profissional mas de uma sobrevivência, chego ao fim do mesmo e com quem partilho esse meu dia? Tenho uma qualquer preocupação, com quem a partilho? Tenho apenas uma anedota para contar, com quem vou dividir a minha gargalhada?
Mas eu não tenho realmente com quem partilhar estes pequenos nadas, agora eles têm, ou deveriam ter pelo menos. Chego a questionar o que será pior (ou melhor). Será caso para dizer que "mais vale só que mal acompanhada"? Não sei, talvez.

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá Maria
Só para te desejar as boas vindas neste ingresso no maravilhoso mundo da blogosfera.
Aproveita. Life is short
Nuno F

Anónimo disse...

Ola boa noite aqui enquanto nos conhecemos neste mundo maluco da net convidaste-me a vistar o teu blog , pareces ser una lutadora quantoa distancia da relação? desculpa não queria nada assim para mim; não tenhas medo de ter ficado sozinha alias como se diz sempre... não chores porque acabou , sorri porque aconteceu. Não deixei de reparar que te preocupas com os problemas dos outros demonstras um grande humanismo beijokas e vai escrevendo mais coisas

Bruno Raposo

Anónimo disse...

Parabéns pela coragem. Não esmoreça. A solidão é boa conselheira, de passgem, de visita e má quando nos instalamos nela. Há tanta coisa boa na vida...