domingo, 31 de janeiro de 2010

Se hoje fores ao mar...



"Se hoje fores ao mar

colhe-me numa dessas conchas de lapa

ou no pio aflito de uma gaivota:

Tenho fome e sede de te ver!


Se hoje fores ao mar

sente-me nesses seixos na costa esquecidos

dá-me um beijo quente que tenho frio

e arrebola-me para longe que te quero lá!


Se hoje fores ao mar

ouve-me cantar e chorar ao mesmo tempo

na melopeia com que se exprimem as ondas

que, como tu, se esqueceram de mim..."

autor desconhecido

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Porquê...?

"Mãe, já comeste fruta hoje? Não?! Porquê???"
Assim pareço eu...aos 42 anos chega-me a "idade dos porquês"...
Mas realmente é uma das coisas que mais tenho feito ultimamente, perguntar-me o porquê das coisas, o porquê da vida...porquê eu, porquê a mim...
Longe de ser uma pessoa perfeita (seria um tédio...!), também não serei uma pessoa carregada de defeitos. Não é falsa modéstia, é aquilo que sinto, é assim que me vejo. Tento ser uma pessoa melhor a cada dia que passa. Mas não me chega para me sentir inteira... Não me chega para me sentir "gente"...
Tantas coisas tenho vivido, tantos precalços tenho passado...PORQUÊ EU???
Pensei que ía ser feliz... Aliás, eu fui realmente muito feliz! Apenas durou uma década. Uma década em quatro é muito pouco tempo... E não o fui de forma a considerar que essa felicidade efémera possa alimentar-me para o resto da vida.
Não deixo, no entanto, que as circunstâncias me derrubem, isso não... Posso até ficar deprimida, angustiada, posso desesperar até...mas acabo por me obrigar a levantar a cabeça e tento seguir em frente...sempre tentei. Mas parece-me que nunca saio do mesmo lugar, do mesmo patamar...não me vejo evoluir em nada...
E agora que me libertaram de quaisquer amarras e me preparo para me aventurar pelo mundo, na tentativa de evoluir realmente...sinto-me prender lentamente... A dúvida surge, forte, subtil, para me deixar na angustia da incerteza. Devo ir...? Devo ficar...? Se fôr, perderei a oportunidade, ainda que ténue, de ser feliz? Se ficar, essa oportunidade revelar-se-á realmente? Ou não passará de ilusão...?
Bolas! Porque diabo tinha isto que acontecer? Precisamente agora...
PORQUÊ A MIM?

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O meu silêncio é, por vezes, proporcional à intensidade do meu pensamento. Sei que é também um modo de me "esconder" de mim, do mundo. Mas, desta vez, tem a ver com o enfrentar assuntos muito difíceis para mim, assuntos que estavam arrumados há muito tempo, naquele baú de coisas menos boas que determinaram todo o percurso difícil que tem sido a minha vida.
Há já algum tempo que me "perdi" a nível profissional. Vou tentanto resolver essa lacuna, mas têm sido apenas tentativas de resultado efémero, pontual...acabam por se desmoronar.
A nível pessoal nem vale a pena falar...refugiei-me do mundo, vivi para aqueles que davam sentido à minha existência e acabei por me "habituar" a essa camuflagem. E vivi assim tempo demais...sei-o agora.
Agora olho à minha volta...e cada qual seguiu o seu caminho.
Agora olho à minha volta...e perante mim tenho o vazio.
Daí o meu desencanto pela vida...daí a minha falta de forças...daí a minha falta de vontade até de viver...
Mas como dizia a minha querida avó (que saudades eu tenho dela...), "Deus escreve certo por linhas tortas"
Sei lá eu se é Deus ou o Diabo...
Mas seja quem fôr que escreva, é a mim que compete agir.
E depois de muito pensar e repensar...depois de enfrentar finalmente todos aqueles fantasmas escondidos no tal baú, depois de entender que nada nesta vida acontece por acaso, resolvi finalmente agir.
Vou aceitar a oferta de ajuda que me foi feita pela pessoa que mais me magoou na vida. Vou tentar não me lembrar que quem me ajuda é a mesma pessoa que quase me destruiu. Vou tentar não lembrar das noites que passei em branco, imaginando como seria o dia seguinte...o medo de nem chegar a ver o sol nascer...
Vou fazer um esforço, juro!
E vou fazer o que nunca pensei fazer alguma vez na vida...vou trabalhar e viver no estrangeiro.
Se algum dia alguém me tivesse dito isto, teria respondido que seria muito improvável...agora estou de malas aviadas...
Terei forças para enfrentar...? Espero bem que sim...não me sinto com muitas forças para falhar novamente...mas tenho que ir com a convicção de que vai ser uma vitória, não uma derrota. Tenho que pensar que tudo vai correr bem. Tenho que acreditar nisso.
E agora sim...apelo a Deus que me acompanhe e proteja...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Estou cansada, exausta...
De que adianta levantar todos os dias, olhar o espelho e afirmar que o dia vai valer a pena...? De que adianta acordar e pensar "este dia vai ser especial"...?
Estou a perder a motivação. Não tenho a menor vontade para acordar sequer. Não que o mundo dos sonhos seja mais agradável, acho que até isso perdi algures na minha caminhada, a capacidade de sonhar. Sonhar...com quê?? Para quê?? De que adianta??
Soubesse eu o que sei hoje e nunca teria sequer nascido.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Voltei...

Caramba...só agora percebo há quanto tempo não escrevo... Bem que sentia falta de deixar transbordar para o teclado algumas das angustias que me consomem o dia-a-dia...
Preguiça...? Falta de tempo...?
Poderia inventar qualquer coisa, um argumento convincente qualquer para não escrever...mas não. Não escrevi por covardia, como sempre...
É fácil dizer a terceiros que está tudo bem. Mais difícil é admitir a mim própria que não está tudo bem. Mais difícil é verbalizar escrevendo.
Mas não está mesmo tudo bem. Aliás, está mal. Nem tudo, mas na maior parte está.
Quando consegui arranjar 2 empregos pensei : "Que fixe! Vou endireitar a minha vida. Vou ter que conviver com pessoas diariamente, vou estar ocupada. Não vou ter tempo sequer para pensar em como a minha vida é vazia. Não vou ter tempo para mais nada senão trabalhar."
Bem...de boas intenções está o inferno cheio...é sabido... E eu até sabia disso também!
Resumindo, a minha vida ainda não endireitou (mas vai a caminho disso...). Realmente convivo com imensas pessoas diariamente, e até é bom! Estou realmente ocupada. Ocupadíssima até! Tão ocupada que até lancho qualquer coisa no caminho de um emprego para o outro...não há tempo para lanchar de outra maneira.
A porra toda é que estou ocupada de mãos...não de cabeça...
E a cabeça parece não querer obedecer à intenção que tinha...a de não pensar, em nada...e pensa teimosamente, precisamente no que eu não queria pensar!
E não há maneira de fugir à realidade. Contra factos não há argumentos. Durante todo este tempo de ausência daqui, recusei-me a aceitar que, apesar de não ter tempo para muita coisa, ainda me sobrou tempo para ouvir o silêncio gritar quando entro em casa, para sentir o vazio quando deito a cabeça na almofada.
E ainda vai ser pior, a partir do princípio do ano...
Não quero pensar nisso, mas a verdade é que sofro por antecipação. Ainda não chegámos ao fim do ano e já estou a viver o princípio...
Pior é pensar que não vai ser só a partir dessa altura que vou ficar realmente só. Eu estou só há muito tempo já. E por muito que me custe admitir isso, essa é a minha realidade.
E esta minha cabeça não me ajuda nada...não pára de pensar, de remoer...
E se me sinto assim, a culpa é minha! Porque não dou oportunidade a deixar de estar assim. Porque continuo com aquele medo estúpido. Porque sou uma covarde, no fundo.
Enfim...chega de pensar.
Vou dormir, já é tarde.
Amanhã é outro dia...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

E continua a doer...

É tão estranha...a sensação de ter perdido o que nunca tive. É ridícula até. É ridícula que me sinto.
Restam as boas recordações. Mas de quê...? Serões...bons-dias...pequenas confidências...o som de uma voz doce...uma gargalhada...músicas, sempre tão bonitas...preocupações...divagações...companhia... Tão pouco que me soube a tanto...
Tento abstrair-me da saudade, mas é difícil...
Um dia concerteza olharei para trás e serão apenas doces lembranças...mas tenho que me habituar à ideia de que é apenas isso...nada mais...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Apenas mais um...

Entro em casa e fecho a porta atrás de mim, suavemente. Nunca gostei de bater com a porta.
Depois do comité de boas vindas habitual - o meu cão sabe mesmo como me fazer sentir bem vinda a casa - largo a mala em cima da bancada da cozinha, pego na trela, nos cigarros e nas chaves e lá vou eu com ele à rua.
Sabe bem, especialmente agora no Verão, o passeio que dou com ele, nas traseiras do meu prédio. Estende-se ali um relvado salpicado por pequenas árvores, ainda em fase de crescimento algumas. Não é uma área muito grande, mas dá para soltá-lo um pouco e ele adora correr por ali, feito doido. Enquanto ele corre e salta e esfrega o lombo na relva, respiro fundo e encosto-me a um tronco a fumar um cigarro. Sabe bem este breve momento. Fecho os olhos e sinto uma brisa leve e fresca, contrastando com o calor que se faz sentir durante o dia. E ali fico, a olhar a lua e as estrelas, à espera que ele se farte de brincar sózinho.
E penso... Relembro frases, brincadeiras, trocadilhos, risos, músicas, circunstâncias, acasos, meias palavras... Principalmente, recordo o que gostaria de ter dito e não saiu. A mensagem vital que ficou sempre engasgada, a meio percurso e apenas ficou na intenção de "um dia sai". Creio que algumas vezes fui como que "impelida" a falar, como se estivesse a querer usar um saca-rolhas para que eu falasse...mas não falei...não saiu...limitei-me ao silêncio, como sempre...
Mas depressa sacudo esses pensamentos...não vai haver "um dia", tenho que me convencer disso. Tenho que aceitar que as pessoas apenas se cruzam connosco, não permanecem. Muito menos se não há qualquer razão por parte delas para quererem permanecer. Eu não falei, mas tb não ouvi...
Talvez se tivesse falado as coisas fossem diferentes...mas não falei, é um facto. E agora é tarde...
E é tarde mesmo, está na hora de ir para casa. Chamo o cão e de pronto se põe alerta com as orelhas no ar. Está lá na outra ponta do relvado, mas depressa chega até mim. Fica quieto enquanto lhe volto a colocar a trela e segue saltitando ao meu lado enquanto tomo o caminho de volta.
Mais um dia chega ao fim. Mais um dia que passou. Outro. Igual ao de ontem. Igual a tantos outros antes. Apenas uma diferença. A saudade vai crescendo e a dôr no peito aumentando.
Um dia passa. Há-de passar... Um dia...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sonho recorrente


Há mais de uma semana que ando a subir uma escadaria...
Já me doem as pernas de tanto subir.
Todas as noites subo mais uns quantos degraus.
Só gostava de saber aonde é que vão dar...só sei que subo...não páro, subo teimosamente...
Se isto não é curto-circuito nos fusíveis, só pode ser o gaijo alemão a querer dar-me conta do tico e do teco...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quem diria...?





Hoje senti saudades disto.
Senti falta de um carinho, um mimo.
E sem que tivesse sido pensado sequer...não é que ele apareceu...?
Não assim, claro...mas a sensação de conforto, de carinho recebido, de mimo recebido...
Quem deu? Não importa, nem se apercebeu que o fazia...
Mas soube bem.
Alegrou um pouco o meu olhar, que toda a gente teima em dizer que é triste.
Foi bom.
Soube bem. Muito bem, até.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Perfeição não existe...

A vida é mesmo um aprender contínuo...
Deparo muitas vezes com situações que me levam a reflectir e a tirar conclusões (muitas vezes erradas, outras até acerto...).
Queixamo-nos na maior parte das vezes do facto de que as pessoas (geralmente) nos desiludirem. De aparentarem ser de uma maneira e afinal descobrirmos que são de outra. De terem atitudes que nos chocam pelo imprevisto, de falarem e opinarem de um modo estranho "de repente".
Sei que não descobri a pólvora, mas constato que não são as pessoas que se nos apresentam subita e desagradavelmente diferentes. Nós é que as idealizamos de uma forma que não corresponde à realidade. É aí que reside a questão.
Só nos desiludimos depois de nos termos iludido em primeiro lugar. Mas porque diabo nos iludimos?? Porque estamos sempre na expectativa de estarmos perante alguém realmente diferente, alguém realmente de acordo com aquilo que pensamos ser uma pessoa "5 estrelas", como diz o pessoal do Norte. E afinal, estamos quase sempre perante alguém que é tão imperfeito(a) quanto nós mesmos...