quinta-feira, 10 de abril de 2008

Para o meu filho

7 de Abril de 1990.
Seria impensável esquecer esta data.
Impensável seria também não fazer aqui qualquer referência ao significado desta data.
Para cada mãe, cada filho é especial, único. Não há igual, mesmo que tenha um rancho deles à sua volta. Cada um é "o seu" filho.
Também o meu filho é "o meu filho". E não há nada nem ninguém neste mundo (exceptuando a minha filha, obviamente) a quem eu ame tanto como a ele.
Em tempos que já lá vão, graças a Deus, apontava-me com dedo firme o desmembramento do seio familiar. Não vão assim tantos anos, mas aos 18 anos, 8 já é "muito" tempo. Discussões, birras, acusações constantes, faziam parte do dia a dia. Não desejo a ninguém a angústia que sentia cada vez que discutíamos. Parecia óbvio que nunca nos entenderíamos.
Hoje, homem feito, é o meu melhor amigo, o meu confidente, o meu impulsionador, é a única pessoa (no seio familiar, entenda-se) que me diz para me aventurar e tentar ser feliz.
Chego cansada do trabalho e diz-me para não me preocupar com o jantar. "Senta-te mãe. Descansa um bocado. O que é que queres jantar? Diz-me, eu faço." Ou então, no dia das limpezas: "Mãe, deixa o meu quarto, não te preocupes que eu trato dele, depois ajudo-te com o resto."
Ele é estudante, trabalhador em part-time em dois locais distintos, é bombeiro voluntário, é voluntário numa Associação de apoio aos sem-abrigo...e é O MEU FILHO.
Fez 18 anos no dia 7.
Perguntei-lhe o que gostaria que lhe oferecesse. Respondeu-me que queria passar a noite a fazer serviço no quartel de bombeiros, a sua 2ª família. É claro que foi.
Perguntei-lhe se queria ir festejar com os amigos, numa discoteca, ou algo parecido. Respondeu-me assim:
"Mãe, eu sei que 18 anos é a maioridade e que só se faz 18 anos uma vez na vida. Cada ano que faço é único, não se repete mais, por isso não acho diferente dos outros anos. Tu também, cada ano que fazes, é único e não se repete mais. Fazes anos todos os anos, não me lembro de te ver festejar nada. Deixa lá isso..."
Nos dias que correm, ter um tesouro destes em casa, senti-me eu a aniversariante.
Que Deus o abençoe e proteja.
Parabéns, meu filho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um texto sentido e com grande emoção... Aqui está um destemunho de uma grande mulher!!!!

Ruben Hamada disse...

agradecido nuevamente por tu comentario
un gran saludo desde argentina espero poder aprender portugues para poder entender lo que escribes
hasta pronto
espero que no andes cayendote siempre por la vida como mi acuarela, ja!

Anónimo disse...

Parabéns, Malu

Parabéns a duplicar, minha amiga, pelo texto muito bem escrito, sem te alongares em palavras para dizeres tanto. Parabéns pelo filho que tens.
Desejo sinceramente que continues a orgulhar-te dele.

Obrigada pela partilha, minha querida. Beijinhos

Maria da Saudade