segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Como disse há uns dias atrás, faço parte das estatísticas "gordas" referentes ao desemprego no nosso país. Não sou formada em nada especial, mas sempre concluí o 12º ano na Escola Secundária da Cidade Universitária e tenho uma vasta experiência em diversas áreas. Hoje, fui a uma entrevista para empregada de uma mercearia (já fui cozinheira também, é a vida...). Chegada ao local, deparei-me com uma lojinha simpática, talvez um pouco mais simpática que a senhora que me atendeu.
Feitas as perguntas da praxe, a senhora lá me foi explicando as condições que propunha. Nem eram más, tirando o valor do ordenado (450 euros, sem quaisquer ajudas para alimentação ou transporte e ainda sem os descontos incluídos).
Tenho tido tanta dificuldade em encontrar alguma coisa que me renda mais que o subsídio de desemprego que pensei, cá para os meus botões, que enquanto não surgisse outra colocação mais bem paga, aquela daria para desenrascar(somos ou não o país do desenrasca??claro que somos!!).
Então, preparava-me para dizer à senhora que aceitava as condições e que me disponibilizava para começar já amanhã, caso fosse necessário.
Aqui é que aconteceu aquilo que nunca eu tinha sequer imaginado ser possível (será que é legal também...?): a senhora olhou demoradamente para mim, mirou-me dos pés à cabeça e torceu o nariz, dizendo: "Nã...a sra. começa amanhã e depois já não volta!". Perguntei-lhe o porquê de tal observação ao que ela respondeu: " 'Tá bem vestida demais para aceitar este trabalho." E ponto final! A sentença estava lida!
Ainda lhe disse que era natural estar bem arranjada, que não ía a entrevistas com um aspecto meramente desportivo, mas de nada adiantou.
Conclusão: para a próxima, visto os jeans mais coçados que tiver, se estiverem rotos, tanto melhor, caço uns ténis também a rebentar pelas costuras, visto um blusão de ganga bem velhinho (tem pelo menos 25 anos) e, é claro, nada de maquilhagem, ah, e já agora, vou fingir que o vento me despenteou...
Talvez assim, ganhe o direito a prover o meu sustento e o dos meus filhos...

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