Frustração

Ontem vi na TVI uma reportagem sobre licenciados e recém-licenciados que me deixou inquieta.
Sinto uma enorme frustração por não ter querido seguir os estudos, afinal era muito boa aluna e o curso de jornalismo tinha sido sempre o meu objectivo. Fiquei-me pelo 12º ano, o que, na época até nem era mau. Aliás, arranjei emprego imediatamente, como secretária de um advogado.
Mas, nos dias de hoje, é horrível! Ontem vi uma arquitecta a trabalhar como empregada de balcão numa sapataria! Uma outra moça trabalhava num hipermercado! Outra ainda trabalhava em part-time como telefonista! Mas o que é isto??
Uma das metas na minha vida é conseguir dar aos meus filhos a oportunidade de eles tirarem um curso que gostem. A minha filha quer ser juíza. O meu filho quer seguir a carreira de bombeiro e fazer o curso de sapador. Embora sejam cursos em diferentes áreas, afinal não é garantia nenhuma para que no futuro consigam também eles prover o seu sustento.
Eu nem consigo imaginar a frustração dos pais das pessoas que vi ontem, para não falar das próprias, da luta que travaram com a vida para poder dar aos filhos a formação universitária, ainda hoje um troféu em várias famílias humildes.
Já lá vai o tempo em que "quem tem canudo é que se safa". Hoje, quem não o tem, consegue até safar-se melhor, porque o facto de ter estudos, mesmo que não sejam universitários, é motivo para se ser recusado numa entrevista. Eu sei, aconteceu comigo muito recentemente.
Este país vai de mal a pior.