terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Rotina

É fácil cruzarmo-nos com um qualquer vizinho nas escadas e dizer "bom dia". Nem sabemos o nome nem o andar onde mora esse vizinho, mas como nos cruzamos diariamente, é um vizinho. E a boa educação manda cumprimentar.
Durante alguns anos, cruzei-me com um vizinho no prédio onde morei, senhor de meia idade, baixinho, muito educado. Durante anos as únicas palavras que trocámos foram "bom dia" ou "boa tarde".
Acabo de tomar conhecimento que esse senhor faleceu ontem. Fiquei a saber também que esse senhor era viúvo, já no tempo em que morei naquele prédio, e que vivia sózinho.
Eu acho que nunca o olhei nos olhos nem lhe dirigi um sorriso sequer quando o saudava.
Não sei explicar, mas sinto um desconforto enorme por nunca o ter feito.

2 comentários:

José Pedro disse...

É exactamente por isso que devemos sempre expressar o que sentimos sem termos reservas.
Pois não sabemos qual será a ultima vez que o poderemos expressar a alguem.
E isso é válido nos dois sentidos
Poder-se-á deixar de ter uma amizade ou algo mais se no momento indicado nos retrairmos.
Por isso diz sempre como sentes

Anónimo disse...

É o que acontece por termos erguido cidades de betão, onde a despersonalização do ser é uma realidade do dia a dia. E não ha marcha atrás. Ainda assim, o caminho passa por manter a boa educação
NUNO D SILVA